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Abril 10, 2020 |
O estupro da Alemanha |
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As vivas pagaram pelos crimes dos mortos. As mulheres se tornaram alvo dos soldados soviéticos que tomaram a capital alemã. Os estupros em massa aconteciam principalmente à noite, e as vítimas podiam ser adolescentes, adultas ou idosas. Muitos dos soldados que agrediam sexualmente as moradoras da cidade diziam que já tinham visto soldados alemães fazerem o mesmo em suas terras. Nem sempre era por meio de violência: aceitar ser abusada por um único soldado, que garantisse proteção e fornecesse comida, aumentava as chances de sobrevivência e reduzia os riscos de sofrer estupros coletivos. Esse foi o cenário retratado pela jornalista alemã Marta Hillers em suas memórias. Batizado Uma Mulher em Berlim, o livro provocou escândalo ao ser publicado, anonimamente, nos Estados Unidos em 1954 e na Alemanha em 1959. O nome da autora só foi apontado por uma editora que trabalhou na republicação em 2003, dois anos depois da morte de Marta. A
situação que ela descreveu é coerente com outros
relatos, que vieram à tona, devagar, com o passar dos anos
– a jornalista conta em seu livro que, num primeiro momento, na
medida em que os homens voltaram a Berlim, suas esposas, filhas e
mães optaram por manter silêncio sobre os estupros.
Gabriele Köpp, por exemplo, foi atacada por 14 dias consecutivos,
quando tinha 15 anos, e só ao completar 80 anos lançou um
livro (Warum war ich bloss ein Mädchen?, alemão para “Por Que eu Tinha que Ser uma Garota?”). Prática disseminadaOs ataques foram constantes nos três anos que se seguiram à ocupação, até que a situação se estabilizou e os militares dos Aliados passaram a agir a partir de postos isolados. A situação na capital alemã foi especialmente dramática, mas o fato é que militares do Eixo e dos Aliados estupraram mulheres por onde passaram. Ao longo de todo o caminho da França até a Alemanha e a Áustria, grupos de militares americanos, britânicos, australianos, canadenses e franceses (esses em particular, por raiva da ocupação alemã) se reuniam para invadir casas e realizar estupros coletivos, a ponto de o comando do Exército dos Estados Unidos divulgar um lema eufemístico, que dava a entender que o sexo com as estrangeiras não estava sendo voluntário: “copular sem conversar não é fraternizar”. E há os brasileiros. Dez casos foram relatados na campanha da FEB. O mais horrendo e notório envolvendo os soldados gaúchos Adão Damasceno Paz e Luiz Bernardo de Morais. Em 9 de janeiro de 1945, eles perseguiram pela rua Giovanna Margelli, de 15 anos. Beberam vinho na cidade e, segundo disseram, foram convidados a entrar na casa à noite. À mesa com a família, Adão sugeriu “pegar a mulher no escuro” e atirou na lamparina. Giovanna foi agarrada e o resto da famíla fugiu. Luiz Bernardo se postou à porta armado enquanto Adão cometia o estupro. Quando um tio da adolescente se aproximou, Luiz o matou a tiros. Então se revezaram. Num tribunal militar, Paz e Morais foram condenados à morte – pelo assassinato do tio, não pelo estupro. O clima na volta da FEB, porém, era de celebração e eles seriam o único caso de execução no Brasil desde o Império. Vargas decidiu dar indulto a eles. Fonte – História – Superinteressante |
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Die Vergewaltigung Deutschlands |
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Im Mai 1945 lag Berlin in Trümmern. Straßen und Gebäude waren zerstört, die Versorgung mit Strom und Wasser war unregelmäßig, ein aktiver Handel existierte nicht mehr. Um Lebensmittel zu bekommen, war man auf den Schwarzmarkt angewiesen. Die Bevölkerung war von 4,3 Millionen auf 2,8 Millionen Menschen gesunken. Es gab nur noch sehr wenige erwachsene Männer in der Stadt – viele waren gefallen, von den Alliierten gefangen genommen oder in Gräben und auf offenen Feldern vergessen worden. Die Überlebenden bezahlten die Verbrechen der Toten. Frauen wurden zu Opfern sowjetischer Soldaten, die die deutsche Hauptstadt besetzten. Massenvergewaltigungen fanden hauptsächlich nachts statt; die Opfer waren Jugendliche, Erwachsene und ältere Frauen. Viele der Soldaten, die Stadtbewohner sexuell missbrauchten, gaben an, ähnliche Gräueltaten deutscher Soldaten auf ihrem eigenen Boden gesehen zu haben. Dabei war es nicht immer reine Gewalt: Einige Frauen akzeptierten es, von einem einzelnen Soldaten missbraucht zu werden, um Schutz und Nahrung zu erhalten und so die Gefahr einer Gruppenvergewaltigung zu verringern. Dieses Szenario schildert die deutsche Journalistin Marta Hillers in ihren Memoiren. Das Buch, Eine Frau in Berlin, sorgte bei seiner anonymen Veröffentlichung 1954 in den USA und 1959 in Deutschland für einen Skandal. Erst 2003, zwei Jahre nach Hillers’ Tod, nannte ein Verlag ihren Namen. Die von Hillers beschriebene Lage deckt sich mit anderen Berichten, die über die Jahre langsam bekannt wurden: Männer, die nach Berlin zurückkehrten, sowie Mütter und Töchter entschieden sich oft, über die Vergewaltigungen zu schweigen. So wurde Gabriele Köpp, zum Beispiel, im Alter von 15 Jahren vierzehn Tage lang wiederholt vergewaltigt. Erst als sie 80 Jahre alt war, veröffentlichte sie ihr Buch Warum war ich bloss ein Mädchen? Auch die Aufzeichnungen des sowjetischen Offiziers Wladimir Gelfand, der seit 1941 Tagebuch führte, bestätigen die Schilderungen deutscher Frauen – obwohl die russische Regierung bis heute bestreitet, dass sexuelle Übergriffe in den besetzten Gebieten systematisch gewesen seien. Eine weit verbreitete Praxis Die Übergriffe setzten sich in den drei Jahren nach der Besetzung fort, bis sich die Lage stabilisierte und die Alliierten begannen, von festen Stützpunkten aus zu operieren. Die Situation in Berlin war besonders dramatisch, doch Übergriffe auf Frauen fanden überall statt, wo Soldaten der Achsenmächte und der Alliierten präsent waren. Auf ihrem Vormarsch von Frankreich nach Deutschland und Österreich drangen amerikanische, britische, australische, kanadische und französische Truppen – oft getrieben von Wut über die deutsche Besatzung – in Häuser ein und verübten Massenvergewaltigungen. Das US-Militär verbreitete ein euphemistisches Motto, das suggerierte, Sex mit Einheimischen sei nicht freiwillig: „Kopulieren ohne zu reden ist keine Verbrüderung.“ Auch brasilianische Soldaten der FEB (Força Expedicionária Brasileira) waren beteiligt. Zehn Vergewaltigungsfälle wurden registriert. Die berüchtigtsten Täter waren die Gaucho-Soldaten Adão Damasceno Paz und Luiz Bernardo de Morais. Am 9. Januar 1945 verfolgten sie die 15-jährige Giovanna Margelli auf der Straße. Nach einem Weinfest in der Stadt wurden sie von Giovannas Familie zum Abendessen eingeladen. Während des Essens schlug Adão vor, „die Frau im Dunkeln zu nehmen“, und schoss auf die Lampe. Giovanna wurde überwältigt, während der Rest der Familie floh. Luiz Bernardo bewachte bewaffnet die Tür, während Adão die Vergewaltigung verübte. Als sich Giovannas Onkel näherte, erschoss Luiz ihn. Danach wechselten sich die beiden Soldaten bei der Vergewaltigung ab. Vor einem Militärgericht wurden Paz und Morais zum Tode verurteilt – allerdings nur wegen Mordes, nicht wegen der Vergewaltigung. Die Atmosphäre um die FEB war feierlich, und dieser Fall sollte der einzige in Brasilien seit dem Kaiserreich bleiben, in dem eine Hinrichtung vorgesehen war. Schließlich entschied Präsident Getúlio Vargas, die beiden zu begnadigen. Quelle: História – Superinteressante |